Entidade repercute os impactos da sobretaxa de 50% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos
Apesar das tentativas de diálogo para a manutenção da histórica relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, o dia 30 de julho ficou marcado por um revés grave que irá causar danos irreversíveis nas exportações de calçados brasileiros. Foi neste dia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou a ordem executiva que confirmou a sobretaxa de 50% para produtos importados do Brasil. A cobrança passa a valer a partir do dia 6 de agosto, sete dias após a publicação.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) ressalta que, infelizmente, apesar de todos os esforços, de empresários e do corpo diplomático brasileiro, o setor estava notando poucos avanços desde o anúncio da medida. Segundo o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, hoje foi antecipado um quadro grave e que irá atingir, em cheio, não somente o setor calçadista brasileiro, que tem nos Estados Unidos seu principal destino internacional, mas milhares de empregos. A Abicalçados estima que, com a medida, as exportações para os Estados Unidos serão inviabilizadas. “Temos empresas cuja produção é integralmente enviada ao mercado externo, a maior parte para os Estados Unidos. Essas empresas terão produtos muito mais caros do que os importados da China, por exemplo, que pagam uma sobretaxa de 30%. Estamos falando, neste primeiro momento, de uma perda estimada em cerca de 8 mil empregos diretos”, concluiu.
Medidas paliativas
Ferreira destacou, ainda, que o próximo passo é trabalhar junto aos governos Federal e estaduais para mitigar os efeitos da medida na indústria. “Agora, o Poder Público terá um papel fundamental para a preservação das empresas e dos milhares de empregos gerados por ela”, disse. Entre as medidas solicitadas, estão linhas para cobrir o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) em dólar com juros do mercado externo, a ampliação do Reintegra para exportadores, a liberação imediata de créditos acumulados do ICMS (Estados) e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que ofereceu, em 2020, medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública e da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus.
Mercado
Historicamente o principal destino internacional do calçado brasileiro, os Estados Unidos respondem por mais de 20% do valor total gerado pelas exportações do setor. Apesar do cenário internacional adverso, a Abicalçados reporta que o setor vem, ao longo do ano, recuperando as exportações de calçados aos Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou US$ 111,8 milhões, equivalentes a 5,8 milhões de pares de calçados àquele país, registrando crescimentos de 7,2% e 13,5%, respectivamente, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Com a sobretaxa de 50% o ciclo será interrompido, com efeitos econômicos e sociais importantes para o Brasil.