Representando a indústria brasileira de calçados, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) participou, entre os dias 13 e 15 de agosto, da 27ª edição do Foro Latinoamericano de Calzado. No evento, ocorrido em León, no estado de Guanajuato/México, a entidade foi representada pelo seu gerente de Marketing e Estratégia, Cristian Schlindwein.

Participando do painel “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, Schlindwein falou sobre práticas ESG na cadeia produtiva do calçado brasileiro. Segundo ele, ser uma empresa sustentável, no contexto latinoamericano, significa incorporar critérios ambientais, sociais e de governança de forma transversal, gerando valor que ultrapassa o produto final. “A sustentabilidade, em todas as duas dimensões, gera valor que vai além do produto, influenciando positivamente a cadeia e a comunidade”, disse o gerente, acrescentando que o futuro do consumo de calçados será guiado por materiais renováveis, modelos circulares e transparência total na cadeia de valor. 

Origem Sustentável
O gerente contou, ainda, que foi com o intuito de certificar empresas da cadeia produtiva do calçado em acordo com práticas ESG que a Abicalçados, em conjunto com Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), criou o Origem Sustentável, única certificação de ESG voltada para empresas da cadeia produtiva do calçado no mundo. “O Origem Sustentável mostra que é possível medir e certificar práticas ESG de maneira objetiva no setor de calçados. Hoje, temos 115 empresas certificadas ou em processo de certificação provando que sustentabilidade e competitividade caminham juntas”, frisou.

Avanços
Na oportunidade, Schlindwein também informou dados que evidenciam avanços concretos na sustentabilidade da indústria calçadista brasileira. Na dimensão ambiental, por exemplo, ele destacou que 80% das empresas certificadas pelo Origem Sustentável utilizam materiais renováveis ou reciclados; 65% adotam sistemas de eficiência energética ou fontes renováveis; e 58% possuem programas de gestão e reúso de água. Já na dimensão social, segundo o gerente,  72% das certificadas investem em capacitação de colaboradores; 60% desenvolvem projetos comunitários; e 55% promovem políticas de diversidade e inclusão. Por fim, na dimensão de governança, Schlindwein citou que 70% das certificadas publicam relatórios de sustentabilidade; 68% têm rastreabilidade na cadeia de suprimentos; e 62% possuem códigos de ética e políticas anticorrupção. “A recepção foi muito positiva e o interesse no programa ficou evidente nos questionamentos sobre como implementar boas práticas nas empresas de outros países”, avaliou. 

Integração regional
Ainda no Foro, Schlindwein participou da tradicional reunião da Agrupación de Cámaras de Calzado de América Latina (Accal), em que foram debatidas formas de fortalecimento da atuação conjunta como bloco regional. No encontro, ficaram definidos encontros remotos mais frequentes para alinhamento e acompanhamento de projetos, temas prioritários para ações conjuntas no combate à pirataria, harmonização de etiquetagem, apoio institucional conjunto em temas que afetam países membros e elaboração de um estudo visando fomentar negociações tarifárias entre países do bloco, incentivando a produção e o intercâmbio comercial.

Para Schlindwein, o momento de instabilidade internacional, provocada pelas tarifas norte-americanas aplicadas a parceiros comerciais relevantes, é propício para reforçar laços comerciais e institucionais com países da América Latina. “O Foro se mostrou um espaço de diálogo e de articulação, onde foram discutidas pautas relevantes para todo o bloco”, destacou.

No dia 15, o Foro proporcionou uma imersão técnica e cultural na cidade de León e região. A programação começou com os participantes visitando a fábrica da Flexi, uma das principais empresas de calçados do México, reconhecida por sua inovação em design e processos produtivos. 

O evento
O Foro Latinoamericano, que em 2024 aconteceu no Brasil, é uma iniciativa da Accal que acontece anualmente em países diferentes para discutir temas relativos às indústrias de calçados da Região.