A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) foi uma das entidades convidadas para participar do Encontro de SECOMs (Setores de Promoção Comercial e Investimentos) e SECTECs (Setores de Ciência, Tecnologia e Inovação), que está sendo realizado em Dubai/EAU entre os dias 2 e 4 de outubro. O evento, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), tem o objetivo de fortalecer parcerias estratégicas e expandir o comércio internacional do Brasil. O painel “A indústria calçadista em países selecionados (Grande Oriente Médio), desafios e oportunidades”, com a participação do presidente-executivo da Abicalçados, aconteceu no dia 2. 

Na oportunidade, Ferreira destacou as oportunidades e também as dificuldades para uma maior inserção de calçados no mercado do Oriente Médio, em especial na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Índia, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Paquistão, Síria e Turquia. Segundo ele, o grupo de países (Grande Oriente Médio) representou, em 2024, 3% das exportações brasileiras de calçados, totalizando US$ 25,7 milhões, equivalente a 2,6 milhões de pares, registrando quedas de 27,3%, em dólares, e de 37,5% em pares, comparativamente ao ano anterior. “Perdemos espaço depois da pandemia de Covid-19”, informou Ferreira, explicando que nos dois principais destinos do calçado brasileiro entre os países selecionados - Israel e EAU -, as quedas foram mais elevadas do que a média.  “E, nesse mesmo período, as importações totais, medidas em dólares, de Israel e EAU, apresentaram crescimentos. Nesses dois países, foi registrado o aumento das importações originárias de terceiros países no Oriente Médio, em detrimento do produto brasileiro, limitando a recuperação dos volumes anteriormente praticados”, acrescentou.

Desafios
Entre os motivos para a perda de mercado no Oriente Médio, o dirigente da Abicalçados destacou a concorrência com players regionais, os impostos de importação elevados, principalmente na Turquia (17%), e a exigência de certificações (barreiras não-tarifárias) em países como a Índia (BIS) e a Arábia Saudita (SASO). “A esses desafios, soma-se a concorrência com os exportadores asiáticos, o que acontece no mundo inteiro”, ressaltou. Segundo Ferreira, as dificuldades denotam a importância do trabalho realizado pela ApexBrasil e seus escritórios regionais na divulgação dos produtos brasileiros, que possuem diferenciais competitivos importantes em termos de qualidade e sustentabilidade, principalmente frente aos calçados asiáticos. 

Mercado-alvo e atuação
Entre os países selecionados, os EAU são o mercado-alvo escolhido no âmbito do Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido pela Abicalçados em parceria com a ApexBrasil. Conforme a Abicalçados, o país destaca-se como o principal importador de calçados da região, tendo importado o equivalente a US$ 2,1 bilhões no ano de 2024, cerca de 30% do total importado pelo grupo de países. “Existe uma grande oportunidade para o crescimento das exportações brasileiras aos mercados do Oriente Médio, principalmente com produtos nichados, para demandas específicas. O apoio da ApexBrasil é, e será, fundamental para essa performance desafiadora”, conclui Ferreira. 

Com relação à atuação do Brazilian Footwear na região, nos anos de 2024 e 2025, o Oriente Médio foi trabalhado por meio do Programa Comprador, realizado durante a feira calçadista BFSHOW. Nessa iniciativa, compradores da região foram mapeados e convidados a participar do evento, com benefícios de passagem e hospedagem custeados pelo projeto.

Para 2026, está prevista a realização de uma missão comercial em Dubai, com a participação também de compradores da Arábia Saudita, contemplando, assim, dois mercados estratégicos do programa.